O
Palácio da Brejoeira, construído na primeira metade do Séc. XIX, foi classificado monumento nacional em 1910, já então propriedade de Pedro Maria da Fonseca Araújo. Foi alvo de profunda reconstrução, para sair da degradação a que então estava votado. Foi construída uma capela, um pequeno teatro, um lago, e o bosque e os jardins totalmente recuperados.
Já nas mãos de Feliciano dos Anjos Pereira, foi edificada uma adega onde até hoje são vinificadas as uvas da casta Alvarinho da propriedade (cerca de 18 hectares) que dão origem ao mais conhecido e emblemático vinho da sub-região de Monção e Melgaço: o “Palácio da Brejoeira”.
E a partir do qual se preparam também as famosas aguardentes vínica e bagaceira, com o mesmo nome.
A Quinta da Brejoeira é composta por 30 hectares, sendo que 18 são de vinha de casta Alvarinho, 8 de bosque e os restantes 4 incluem edifícios e jardins.
A última proprietária, D. Maria Hermínia Oliveira Paes, que faleceu em 2015 com a provecta idade de 97 anos, manteve o prestígio do Palácio, apesar de algumas desavenças familiares. Lembro-me de entrevistar D. Maria Hermínia, com idade muito para lá dos oitenta, mas mantendo uma classe e uma postura notáveis, defendendo sempre o seu palácio e os jardins, e os seus vinhos Alvarinho, com delicadeza, mas determinação.
O mais conhecido e emblemático vinho da sub-região de Monção e Melgaço
É também por isso que este vinho se mantém no mercado com grande destaque e muito prestígio, pois é um vinho Alvarinho com história. E pelo qual tenho imenso respeito, por aquilo que representa, pois para além da sua qualidade, foi o Alvarinho que abriu verdadeiramente as portas a esta pequena sub-região, então bastante desvalorizada ou mesmo desconhecida, e que hoje se apresenta como das mais notáveis e promissoras do país vinícola, sobretudo para vinhos brancos.
Apesar de ter atravessado há alguns anos uma época em que os vinhos desceram claramente de qualidade, fruto dos problemas que a família atravessava, recuperou essa qualidade, com a valorização das vinhas e um trabalho intenso de enologia, que colocou os seus vinhos novamente no patamar a que pertencem. Prova disso é o facto de ano após ano os vinhos esgotarem bem antes da época natalícia, apesar do ligeiro aumento da produção.
Muito recentemente o Palácio da Brejoeira ganhou um prémio de excelência,
o Cinco Estrelas Regiões 2023, na categoria de Enoturismo.
Um vinho Alvarinho com história
Outra das caraterísticas deste “Palácio da Brejoeira” é o facto de manter o rótulo, praticamente sem alteração. É antiquado, mas é uma referência para quem o consome há décadas e uma curiosidade ‘vintage’ para quem o descobre. Em ambos os casos acaba por ser a qualidade do vinho que se impõe, tal a sua delicadeza e elegância, associadas à sua persistência e versatilidade.
O Palácio da Brejoeira, sendo monumento nacional, é também muito visitado por turistas. Hoje há programas de visita, inseridos no enoturismo dos vários espaços. Podem-se fazer provas dos vinhos Alvarinho, da aguardente vínica e aguardente bagaceira.
Há duas visitas diferentes, mas ambas de grande interesse: a visita ao palácio, sobretudo o seu interior, que inclui a curiosidade do pequeno teatro, os frondosos jardins que o envolvem, a adega antiga e a capela.
A outra possibilidade é apreciar toda a beleza do bosque, as vinhas, o lago e a capela de São Francisco. Em qualquer dos casos será tempo muito bem passado.
Conheça o vinho e as aguardentes do Palácio da Brejoeira no nosso
Catálogo!
Palácio da Brejoeira: o palácio, o bosque, as vinhas e os vinhos Alvarinho, um caso sério de classe e de sucesso.
José Silva
* José Silva é um reconhecido crítico de vinhos e gastronomia. Apresentou durante quase 10 anos o programa “A Hora de Baco”, na RTP, fez programas de rádio e escreveu artigos na imprensa. Escreveu também o Roteiro Gastronómico e o Guia dos Restaurantes de Portugal (que teve 5 edições), entre muitas outras contribuições que continua a dar para a divulgação da gastronomia e dos vinhos nacionais.