Duas das épocas festivas mais populares e concorridas são o Natal e o Fim do Ano. Com perspetivas e protagonistas muito diferentes.
Natal é a festa da família por excelência, é a reunião e o encontro dos familiares que estão fora ou vivem longe.
A zona mais importante da casa nesses dias é a cozinha. Onde se preparam todos os ingredientes para a ceia do dia 24 de dezembro e o almoço do dia 25. A grande tradição portuguesa da noite de Natal é o bacalhau cozido, na companhia de batatas, grelos, pencas ou repolhos, cenouras, cebolas e ovos, tudo cozido nos tempos certos, a que se junta, em muitas regiões, o polvo da nossa costa. Alho picado, por vezes colorau, azeite com fartura e, para quem aprecie, um golpe de vinagre de vinho. E broa de milho para acompanhar. A simplicidade elevada à excelência, bem portuguesa.
Que nunca falte Vinho!
E, claro, que nunca falte vinho, muito vinho, que o temos bem bom. Antes mesmo de iniciar a refeição, é aconselhável ir bebericando alguma coisa. Um espumante bruto é sempre boa companhia, mas não vai nada mal um rosé seco, enquanto se vão picando umas nozes, avelãs e uvas passas. Para os mais jovens um gin tónico, dos belos gins que temos por todo o País.
Já à mesa, é deixar-nos guiar pelas nossas preferências. Nos brancos, os vinhos verdes oferecem hoje belíssimas soluções, sejam Alvarinho, Loureiro ou mesmo Avesso. Os brancos do Douro e do Dão não param de surpreender, assim como alguns brancos da Bairrada, com ótima acidez. E mesmo no Alentejo ou na região de Lisboa há excelentes vinhos brancos que acompanham lindamente a ‘bacalhoada’.
Para quem prefira, há tantos tintos que podem casar muito bem com este prato natalício! Tintos mais leves do Douro ou do Dão, cheios de elegância. E mesmo da Bairrada, do Alentejo e da Beira Interior se podem escolher tintos que nos vão ajudar neste repasto da família. Da região de Lisboa a escolha dum tinto capaz não é fácil, pois a oferta é muita e de enorme qualidade.
Depois de terminado o prato principal, é a vez de colocar na mesa a imensa panóplia de doçaria e fruta fresca desta época: laranjas, tangerinas, peras e maçãs, ananás dos Açores e bananas da Madeira, romãs do Alentejo e do Algarve. Comandadas pelas rabanadas, lá vem o cortejo de doçarias: filhoses, suspiros, leite creme e aletria, coscorões, formigos, mousse de chocolate e tantos outros, dependendo apenas da região. Queijos da Serra, de Castelo Branco, de Azeitão ou de Serpa têm lugar cativo à mesa de Natal. Também nunca faltam o bolo-rei e o pão de ló na mesa natalícia.
E, contra todas as prescrições médicas, nestes dias é permitido abusar de tudo isto, na companhia dos vinhos adequados. Com os vinhos do Porto, da Madeira e os Moscatéis do Douro e de Setúbal à frente. Sempre levemente refrescados, são companhia extraordinária. E mesmo um vinho branco seco dos Açores, agora já bem conhecidos, vai muito bem com muita desta doçaria. É então tempo de abrir os presentes, tarefa a cargo das crianças, para eles o ponto alto da festa. Enquanto eles se divertem, porque não abrir mais uma garrafa de espumante, bem fresco, sabe sempre muito bem…
Depois dos miúdos deitados, um último café, na companhia de uma Ginja de Óbidos, que até ajuda a digestão.
A oferta é imensa, entre rosés, brancos e tintos
Para o almoço do dia 25, o dia de Natal, a escolha de vinhos poderá ser mais difícil, pois a oferta é imensa, entre rosés, brancos e tintos. E mesmo os espumantes são uma boa escolha, novamente.
A tradição manda que venham para a mesa os assados no forno, entre galo, capão, peru e cabrito. E mesmo o leitão ganhou a preferência de muita gente. O arroz de forno é muito popular a par de vários tipos de legumes salteados, sobretudo grelos, de que também se prepara um ótimo esparregado. Os tintos são mais consensuais com estes tipos de carne, mas os brancos estagiados em madeira e com alguns anos de garrafa são sempre uma boa escolha.
Tinto do Douro, do Dão e da Bairrada, a par de alguns tintos do Alentejo e da região de Lisboa, são bastante apreciados. Mas têm aparecido nos últimos anos tintos da Beira Interior que podem ser surpreendentes.
No final da refeição lá vem novamente a doçaria tradicional, acompanhada pelos licorosos, mas onde se podem experimentar ligações menos vulgares com grandes aguardentes velhas. E, como é um dia especial, pode mesmo subir-se uns degraus e abrir aquela garrafa de um whisky ou champagne muito especial, para mais tarde recordar.
À noite, será a tradição do farrapo velho ou roupa velha, aproveitando as sobras do bacalhau cozido, das batatas e legumes da noite anterior. É hora de voltar a vários vinhos que se beberam nas duas grandes refeições e confirmar a sua qualidade.
Para o ano há mais!
Adeus ao Ano velho!
O Fim do Ano representa a despedida deste ano que agora acaba e a entrada de um novo ano. E é muito vulgar que se faça em festa. Seja em casa com família ou amigos, seja nos milhares de festas que acontecem por todo o País.
A maior parte das quais acontecem nos hotéis, em festas mais recatadas ou em festas gigantes, com música ao vivo e um jantar e ceia muitíssimo completos.
Muitas entradas, alguns mariscos, pratos de peixe e de carne variados, entre frios e quentes, muitas vezes em buffets muito populares.
Aqui são claramente os espumantes os reis da noite, de patamares muito variados, para todos os gostos. Embora durante a refeição estejam presentes vinhos também variados, a escolha principal recai nos espumantes: são leves, o gás natural ajuda à digestão e são menos alcoólicos. Para além disso o som da abertura das garrafas é sinónimo de festa, sempre agradável ao ouvido.
Depois da meia-noite e das 12 passas, trocam-se beijos, abraços e votos de um ano melhor, e haverá direito a ceia e baile, pela noite dentro.
Tchim-tchim e Feliz Ano Novo!